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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Os fiscais da vida alheia

Fiscais da vida alheia, espécie muito comum em ambientes religiosos, gostam de julgar, o julgamento é um hábito cultivado com fervor. 
Desejam mandar nos outros, por isso buscam sempre um lugar de autoridade, montam argumentos para impor sua opinião. Fiscais da vida alheia são autoritários.
Amam uma fofoca, se metem onde não são chamados, dão palpites no que não lhes diz respeito. Fiscais da vida alheia são mal educados.
Preconceituosos, não usam de misericórdia, agridem com palavras, mas fogem quando enfrentam o contraditório à altura. Fiscais da vida alheia são covardes.
Detestam a bondade e a caridade, são contra a esperança, tem sempre uma opinião negativa sobre o próximo. Fiscais da vida são muito chatos.
Sentem-se apequenados com o sucesso dos outros e por isso torcem pela queda deles. Fiscais da vida alheia são invejosos.
Fiscais da vida alheia são filhos do ódio, adversários do bem, são anti-felicidade, são anti-paz, anti-amor, anti-Deus.
(em referência aos constantes ataques de "fiscais da vida alheia" à Kleber Lucas na página dele)

domingo, 24 de dezembro de 2017

PALAVRAS



PALAVRAS
Palavras consolam na dor. Alimentam a fome da alma.
São teto na tempestade do medo. Cobertor no frio da rejeição.
Palavras não dos deixam solitários.
São amigas que não faltam, nos compreendem, nos acolhem.
Palavras nos limpam. São cachoeiras que renovam a mente. Fogo que nos incendeia o coração. Vinho, sangue, carne e pão.
Palavras nos ensinam no caminho, nos educam pra vida. São como pais chatos, que nos amam e nos corrigem com paixão.
Palavras.
O Mundo foi criado por meio Dela
A Palavra que deixou o Céu e seu trono sagrado, pra nascer pequena e frágil, humilde, mas cercada de Amor, num estábulo.
Através de uma Palavra a água virou vinho e aquele casamento teve um novo sabor.
Através de uma Palavra o cego foi curado, e ele viu tudo aquilo que o mundo das palavras já tinha lhe mostrado.
Através de uma Palavra o mudo falou até cansar,
Com uma Palavra Lázaro voltou a caminhar.
E o meu coração é incendiado com a Verdade que liberta a alma.
Palavras nos trouxeram aqui, para ouvir-nos, uns aos outros. E transformar nossa realidade.
Uma Palavra criou o Mundo. A mesma Palavra um dia voltará, para salvar a humanidade.
(Erson S. Lima)

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Como deve ser Deus por dentro.



Ainda não sabemos que estranha magia é essa, em que um coração se multiplica por dois.
Seja um fenômeno da física, da química, da biologia, ou da suprema ciência da vida, a Poesia. O certo é que aquele órgão se expande, para abrigar mais uma vida que nasceu inteira, pronta para enfrentar as agruras deste mundo.
E o milagre se repete.
Então, o sorriso se une à esperança, os seus olhos registram cada momento para a memória como a mais moderna câmera. Os pequeninos vão crescendo e você logo lembra de cada instante, de cada fala sorridente, de cada "eu te amo" dito com rapidez entre uma brincadeira e outra. Seu álbum interno vai sendo montado e todas passagens alegres aprofundando a percepção da grandeza deste amor.
Deus só pode ser pai e mãe.
Então, você navega neste sentimento, um cuidado extremo, um olhar milimétrico para cada poeira que entra nas roupas, mosquitos que ferram, coisas que arranham. Prevenindo acidentes, subindo objetos que não podem ser tocados, fugindo de todas as possíveis contaminações de doenças. Protegendo, protegendo, protegendo.
E quando começa a fase das brigas, dos puxões de orelha, dos "nãos!" ditos com veemência ditatorial, ainda percebe que aquele amor ainda está lá. Apesar de todo o estresse, de todo cansaço, de toda a luta diária em favor deles. Sua percepção de que a vida não faz sentido sem eles só aumenta.
Você não é só mais um homem, mais uma mulher, é pai e mãe, como Deus deve ser.
Alguns corações se multiplicam ainda mais, para abrigar cada vez mais existências; três, quatro, cinco..., o nosso divide-se em dois e vivemos em quatro.
Ainda não sabemos o que faz este sentimento ser tão grande, e puro, a certeza de sua eternidade só aumente, e a solidão existencial de cada um de nós só diminui, a medida que ele nos preenche. Nunca o entenderemos, mas mergulhamos nele.
É como deve ser Deus por dentro.

domingo, 12 de novembro de 2017

Quando o seu amor era sem fim





Imagine que você pudesse voltar dez ou vinte anos no passado e se ver brincando no seu lugar favorito. Observe seus gestos, seus sorrisos, seus pulos e gritos. Lembre-se das palavras que você ainda não sabia pronunciar, das corridas que você fazia para fugir ou perseguir os outros. Você vivia em um mundo inventado, uma realidade feliz, uma verdade legítima que prevalecia no seu íntimo, mesmo diante de todas as mentiras que os adultos contavam para machucar os corações das crianças. Você tinha um amor sem fim.

Agora volte para o presente e sinta a armadura que você veste, as armas, os escudos e as lanças que você usa para se proteger (ou se atacar?). Você mudou, envelheceu, mas não é só isso; você desanimou. Você se deixou vencer ao não perceber que a guerra não era contra o mundo, mas contra si mesmo. Ao tentar se defender das ameaças externas, você foi dominado pelas internas. Ao tentar escapar da caverna em que vivia, você não percebeu que ela se expandia e se aprofundava ao seu redor. E tudo mais se perdeu, aquelas lembranças agora parecem tão distantes quanto você se afastou de si mesmo.

Então você cresceu e se tornou o homem da armadura, o campeão do torneio na disputa das verdades, o vencedor sobre os outros pela força, pelo discurso, pelo dinheiro, pela fama ou pela inteligência. Afinal, você ama o poder, se viciou nele quando começou a brincar com ele, e como qualquer vício logo tomou conta de você por inteiro, ao ponto de você não perceber mais o quanto de você está morrendo lentamente dentro da armadura.

Agora, pare um pouco e abaixe as armas. Comece o caminho de volta à sua essência. Lembre-se do que faz você se sentir autêntico. Volte no tempo e encontre aquela criança que você foi. Olhe nos seus olhos e pergunte se ela tem orgulho de você, do que você fez com os sonhos dela. E espere a resposta. Se ela não te disser nada e simplesmente sorrir, puxar a sua mão e começar a correr, você já sabe a resposta.

Faça o caminho de volta e descubra como ressuscitar aquele amor que era sem fim dentro de você.


(Erison S. Lima)

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Sim, eu falhei.

Sim, eu falhei!
Falhei com minha aluna surda. E poderia ter falhado ainda mais com qualquer outro aluno que apresentasse alguma excepcionalidade..., fosse um estudante cego, disléxico, ou autista, por exemplo, provavelmente erraria com ele também.
Erraria porque quem veio "antes de mim" também falhou. O Sistema de Ensino no Brasil, ao não me formar com o preparo necessário para ajudar aqueles alunos, ao não me instrumentalizar para visualizar suas reais necessidades, falhou por não me fazer enxergar essas pessoas. Não estruturou nossas escolas para recebê-los, para incluí-los como a lei determina e como eles precisam para desenvolver suas potencialidades. O sistema que privilegia os "melhores", os mais bem preparados, os que não passam necessidades financeiras, que exclui os mais fracos e exalta, por competição, os que mais se destacam, relega todos aos que são diferentes uma posição de invisibilidade.
Falhamos todos, Estado, família e sociedade, ao tornarmos invisíveis aqueles a quem dizemos amar, cuidar e respeitar. Deixamos para trás seres humanos cujos direitos dizemos proteger. Ainda estamos longe de "alcançar o patamar de humanidade". Podemos fazer parte da solução, mas, de forma geral, preferimos reproduzir os problemas, já que é mais comodo fechar os olhos. Somos uma sociedade terrivelmente ineficiente. Racionalmente entendemos o que precisa ser feito, mas não fazemos, e bradamos: "quem nos salvará do corpo desta morte?".
Somos a única espécie na Terra que constrói meios para exterminar a si mesma. Gostamos de privilégios, amamos regalias, excluímos os outros porque podemos, somos arrogantes e insensíveis.
Talvez não seja assim o tempo todo, afinal, existem pessoas altruístas, trabalhando para o bem comum, deixando suas casas e confortos para oferecer o que tem, em troca de um mundo melhor. Estes, considero seres superiores, respeitáveis, verdadeiros exemplos a serem seguidos. Eu apenas faço o que posso, o que está ao meu alcance realizar da forma como aprendi, que nem de longe é o bastante.
Quero melhorar como professor, estudar mais, ler mais, completar a minha formação com a instrumentalização necessária para alcançar os que sentem-se excluídos. Quero poder dizer que me sinto realizado com trabalho que fiz, e de como o aluno recebeu o que ensinei. Assim, quem sabe um dia, pessoas como minha aluna surda poderão ter orgulho de mim.

domingo, 5 de novembro de 2017

Minhas memórias são parte de quem sou.



Jamais me esquecerei do caminho que percorria de volta para casa, partindo da escola situada em um bairro sereno de Manaus. As ruas eram adornadas por árvores majestosas de diversas espécies, cujos galhos e folhas se derramavam sobre as vias. Algumas, que na minha infância eu imaginava centenárias, ainda resistem ao tempo. As mangueiras, em particular, eram um marco, e recordo-me dos colegas que, ao deixar a escola, se aventuravam a colher mangas maduras, lançando pedras e engenhocas que só a inventividade infantil é capaz de criar.

Caminhava pelas calçadas ladeadas por mansões no Adrianópolis, algumas com jardins meticulosamente cuidados, outras cercadas por muros altos, que aos olhos curiosos de uma criança pareciam guardar segredos. A travessura de tocar campainhas e fugir era nossa pequena rebelião, fazendo-nos sentir audaciosos, especialmente quando alguém aparecia para atender.

Desde antes que minha memória se firmasse, aquele cenário era parte de mim, transmitindo uma paz que talvez emanasse da tranquilidade do local. A caminhada, embora breve, nunca era apressada. Às vezes, parecia que eu buscava, naqueles passos lentos, as lembranças de um lar que já não existia como antes. Aos 12 anos, a vida já havia me apresentado inúmeras mudanças: casa, bairro, amigos. Tudo se transformava, mas o caminho permanecia o mesmo, intocado.

Anos mais tarde, após me formar, voltei a percorrer aquelas ruas, agora como professor na escola onde outrora fui aluno. Era por volta de 2010, e o bairro havia se transformado, refletindo o progresso inexorável que substituiu as antigas mansões por edifícios modernos.

Hoje, minha relação com aquele espaço físico é diferente, mas ainda prezo pelas memórias daqueles momentos singelos. Após os 36 anos, compreendo que são essas lembranças alegres da infância que devemos preservar, pois elas nos ajudam a reconhecer quem somos ao nos olharmos no espelho. Cresci nos anos 80 e 90, e as recordações mais vívidas são daquela época. Não se trata de mera nostalgia, mas de um respeito profundo pelo passado.

Escrevi uma vez que não guardo rancor do meu passado, pois encontrei perdão nele. Esse perdão que abrange tudo, seja o que estava ou não sob meu controle. O passado me fortalece para encarar o futuro. Minhas memórias são a essência do meu ser, sob as camadas que a vida me fez construir. E assim, posso afirmar que, apesar de tudo, aquele caminho ainda vive em mim.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Uma sala de aula diferente




O projeto Chanceler é uma daquelas iniciativas que dão orgulho de ver. Idealizado pelo sábio e dedicado professor Jonathas Meirelles Menezes, e impulsionado pela participação de alunos dos terceiros e segundos anos, representantes dos mais diversos países e também da ONU, cada chanceler defende, justifica, deixa claro o posicionamento de seus países a cada tema levantado. Xenofobia, direitos humanos e racismo, são apenas alguns dos temas transversais abordados nesta sala de aula, que processa os conteúdos de forma eficaz, ativa e participativa.
Os alunos são os maiores beneficiados neste processo, uma vez que aprendem enquanto ensinam, pesquisam, discutem assuntos relevantes dentro do escopo sócio-político mundial.
Eles são os protagonistas neste projeto. E que protagonistas! Inteligentes, perspicazes, maduros nas suas colocações e nas afirmações veementes que fazem. Dá orgulho ver o quanto cada um cresceu durante essa iniciativa. Se existe uma emoção que identifico quando olho para eles, só posso denominá-la de Esperança.
Depois de um fim de um domingo comemorando o Dia dos Professores, agradeço a cada um de vocês chanceleres, por seu empenho e por nos encherem de esperança de um futuro melhor para este país através (sim!) de vocês.
O filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey escreveu que: “educação não é a preparação para a vida, ela é a própria vida.” Assim, o projeto Chanceler discute a vida, enquanto educa.

Vocação e Valor: A Realidade dos Professores

Segundo uma postagem no Instagram do Jornal O Globo, publicado hoje,  oito em cada dez professores  já consideraram a possibilidade de mudar...