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Memorial

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS CAMPUS MANAUS CENTRO 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

ERISON SOARES LIMA 

MEMORIAL DESCRITIVO ACADÊMICO E PROFISSIONAL 

MANAUS - AM 2023


Estas primeiras linhas de meu memorial são dedicadas a ela, que preencheu meus primeiros dias com alegria, amor e cor. Ela, que não mediu esforços para me criar, numa realidade complicada, o bairro do São Francisco na década de 1980. Com um marido alcoólatra e sofrendo violência doméstica. E, mesmo antes, a vida a violentou, tirando-lhe o pai, a casa e a fazendo trabalhar desde os nove anos. Minha mãe é uma mulher preta, daquelas que jamais se conformou com um “não”. Nunca se conformou com o pouco que a vida deu. Quando ganhou uma casa, construiu mais uma. Quando ficou sem teto, fez “do nada” um lar. Seu suor e seu trabalho fizeram dela a pessoa mais forte que já conheci na vida. Estudante, aos 35 anos concluiu o Ensino Médio. Fez magistério. Lembro dela saindo para as aulas noturnas. Essa mulher nunca desistiu de si. E graças a Deus, também nunca desistiu de mim. A ela todo o amor do mundo. Com meu pai a relação era mais distante. Ele sempre teve suas questões, tinha comportamento bipolar e agressivo por meio do álcool. Mas, eu o amava, amava muito. Ao longo da nossa história foram várias as idas e vindas da relação dos dois, vários recomeços dos quais eu era testemunha, participante e ouvinte. Até que aos meus 19 anos, finalmente alguma estabilidade. Uma casa alugada. Meu pai em recuperação. Mas, enquanto eles se achavam e se entendiam, eu me perdia de mim, cada vez mais. Até que, durante o ano de 2001, soube que seria realizado o vestibular da Universidade Federal do Amazonas, com vagas para licenciaturas. Fiz e pensei. Escolhi Letras por uma única razão, achava Língua Portuguesa a disciplina mais fácil da escola. Terá sido fácil mesmo, ou será que eu tinha realmente aprendido os conteúdos? Enfim, agora eu era graduando do Curso de Licenciatura em Letra – Língua Portuguesa, período noturno, na Ufam, da turma de 2002. Foram quatro anos difíceis, de encontros e desencontros comigo mesmo, pois até então não sabia se realmente queria ser professor. Durante um tempo estagiei pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) em duas secretarias do governo estadual: SUSAM (Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas) e SUHAB (Secretaria de Habitação do Estado do Amazonas), ambos os estágios em setores administrativos. Porém, considero que minha melhor experiência de trabalho durante a juventude foi como agente administrativo na Fundação Doutor Thomas (FDT), uma fundação asilar, mantida pela Prefeitura de Manaus. Era o ano de 2003 e naquele tempo havia um departamento que recebia denúncias de maus tratos contra idosos e fazia todo o acompanhamento externo, por meio de uma equipe multidisciplinar nas casas das vítimas. Uma equipe formada por psicólogas, assistentes sociais e advogadas. Foi uma das experiências mais marcantes e acolhedoras que já tive. Sentia que a minha vida entrara nos eixos, enfim eu tinha um propósito que ia além da manutenção da minha própria existência. Minha avó materna, que me havia sido tão importante, pois tomava conta de mim enquanto meus pais trabalhavam, falecera poucos anos antes e eu sentia que não havia conseguido retribuir todo o amor, carinho e atenção que ela me destinara durante tantos anos. E agora, por poder agir para diminuir um pouco da dor daqueles idosos eu podia, então, retribuir. Contudo, em 2004, fomos surpreendidos com o fechamento do nosso setor. Experimentei, pela primeira vez, como a política interfere na coisa pública e mesmo nos projetos que estão dando certo. Mudou o prefeito, mudaram as equipes e o nosso programa foi abandonado. E eu, como não era concursado, mas apenas contratado, fui mandado embora. Eu estava prestes a terminar minha graduação, mas me sentia ainda perdido em relação ao meu propósito profissional. Achava interessantes as discussões acadêmicas e a movimentação política da faculdade, mas não me enxergava como parte daquele ambiente. Notei que havia muito egoísmo por todos os lados: as pessoas só se preocupavam em preencher currículo, viajar e se destacar, sem se importar com os alunos da graduação. Eu achava que seria importante oferecer um bom ensino aos graduandos, pois eles iriam atuar na base e poderiam levar seus alunos a novas perspectivas de vida. Após concluir minha graduação em Letras em 2005, comecei a atuar na área por meio de uma declaração de conclusão de curso, já que demorei a solicitar meu certificado. Em 2006, fui admitido para trabalhar em uma escola da SEDUC no bairro do Mauzinho, Distrito Industrial, Zona Leste de Manaus. Naquele local, atuei por dois anos nos três turnos e isso se tornou um dos momentos mais desafiadores e enriquecedores tanto pessoal como profissionalmente. Aprendi na prática como dar aulas, algo que não havia sido ensinado durante a graduação. Foi lá que conheci minha esposa, Maria Eliane, quando eu tinha 26 anos e ela 22. Namoramos por pouco tempo e nos casamos em janeiro de 2009. O ambiente em que eu comecei a trabalhar como professor não era nada fácil. Os alunos vinham de lares complicados, além de estarem expostos ao crime organizado presente no bairro. Isso se refletia em seus comportamentos dentro e fora da sala de aula, tornando o trabalho dos professores e da escola muito difícil. Era uma realidade que não poderíamos mudar sozinhos, sem o apoio das outras instâncias do governo. Apesar disso, aos poucos fui me encontrando e voltando a sonhar profissionalmente. Depois de concluir meu primeiro contrato com a Secretaria de Educação, em 2008, fui contratado para trabalhar na escola particular de um parente, o Instituto Batista do Amazonas (IBA), onde havia estudado durante todo o Ensino Fundamental e Médio. Trabalhei lá de 2008 a 2010, antes de iniciar um novo contrato com a SEDUC através do Processo Seletivo Simplificado (PSS). Na escola particular, o público era diferente do que eu havia encontrado antes, composto por jovens de classe média alta, diferente dos alunos da Zona Leste. Pude comparar a experiência entre jovens com todas as oportunidades versus aqueles que necessitavam de tudo. Embora os alunos da Zona Sul tivessem muitas oportunidades, muitas vezes faltava-lhes a atenção dos pais e o amor que o dinheiro não pode comprar. Durante meu tempo no IBA, minha esposa trabalhou comigo como assistente de recepção, e ficou grávida da nossa primeira filha, Sophia, que agora tem 11 anos. Em 2010 comecei um novo contrato na SEDUC e passei a atuar na Escola Estadual Professor Ruy Alencar, no bairro Nova Cidade, que era próximo da minha casa. Dois anos depois, a SEDUC finalmente abriu um concurso para professores e eu fiz e passei, tornandome professor efetivo com carga horária de 40 horas semanais aos 29 anos. Minha passagem pelo Ruy Alencar foi desafiadora em muitos aspectos. Estava ainda em estágio probatório e junto comigo muitos professores novatos assumiram suas cadeiras. A equipe gestora parecia estar disposta a fazer os professores sofrerem todo tipo de constrangimento e assédio moral presentes no código penal. Ali presenciei tudo o que se não deve fazer em matéria de gestão educacional. Ao final de 2013, nada menos do que 17 professores pediram transferência da escola e eu era um deles. Após a minha libertação das garras de Faraó, parti para aquela que se tornaria a melhor experiência de todo o meu período profissional até então, minha chegada ao Ceti Eng. Prof. Sérgio Pessoa, em 2014, a escola em que permaneço até hoje. Cheguei cansado e um tanto desacreditado do ensino público, ali pude renovar minha esperança. Era a minha primeira vez atuando em escola de tempo integral. Encontrei um público diverso, numa escola com mais de 1000 alunos, do sexto ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio, 24 salas, dois pisos, uma imensidão. Até hoje comparo a arquitetura da escola com um navio, uma espécie de arca. E como uma grande embarcação ela acolhe crianças e adolescentes de origens diferentes, filhos de funcionários públicos, de agricultores familiares, muitos autônomos, a maior parte vinda do entorno, o bairro Cidade de Deus, entre as zonas Leste e Norte da cidade, próximo ao Museu da Amazônia (MUSA). Sempre gostei de trabalhar com projetos, em 2012 ainda no Ruy Alencar havia executado meu primeiro Projeto Ciência na Escola (PCE) da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas). Agora, na escola nova, fui integrado ao Programa Pró-Engenharias, para trabalhar com oficinas de produção textual, voltada para os vestibulares. O programa era resultado de uma parceria entre Ufam/Fapeam com o objetivo de incentivar o interesse dos alunos do Ensino Médio em Engenharia e Tecnologia. Os estudantes recebiam aulas de Linguagem de Programação e desenvolviam experimentos utilizando conhecimentos de Matemática, Física e Química. Mais de 400 alunos recebiam notebook e uma bolsa de R$ 150,00. Em 2014, decidi criar a minha própria iniciativa na produção de projetos, inspirado nos saraus da Zona Norte de São Paulo. Especificamente, o Sarau da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) criado pelo poeta Sérgio Vaz. Assim surgiu o “Sarau do Serjão”, que era a culminância das oficinas de poesia realizadas durante todo o ano em sala de aula, com o objetivo de incentivar o hábito da escrita poética nos alunos do Ensino Médio. Esse grande evento reunia a declamação de poemas originais dos alunos, além de apresentações musicais e teatrais. Tudo isso acontecia durante o turno vespertino em um único dia. Em 2018, submeti um projeto intitulado "Sarau 'do Serjão': uma experiência poética comunitária para além dos muros da escola" ao edital do PCE/Fapeam, no qual medimos os impactos sociais e comunitários desse projeto tão frutífero. No entanto, em 2017, fui convidado para assumir o cargo de coordenador de área de linguagens na escola, o que me impediu de continuar conduzindo as oficinas em sala de aula. Apesar de desafiador, consegui realizar as edições de 2018 e 2019 do sarau, além da edição online em 2021, durante a pandemia, que foi a nossa última. Durante seus oito anos de existência, o Sarau do Serjão tornou-se uma referência na comunidade, e seus ex-alunos frequentemente pediam para assistir e participar do evento, declamando seus próprios poemas. Os alunos tinham liberdade para se expressar da forma que desejassem, desde que não houvessem ofensas, preconceitos ou discriminação. No total, foram realizadas doze edições do sarau, sendo onze presenciais e uma edição online transmitida ao vivo pelo Facebook em 2021, cuja gravação está disponível no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=nUKSQQFjVXQ. Ao longo do tempo, ficou evidente a necessidade de termos mais profissionais atuando na escola para lidar com as demandas diárias de mais de 1000 alunos. Contando apenas com o corpo de professores e coordenadores de área, a organização do dia a dia tornou-se um desafio. Para solucionar esse problema, conduzi uma pesquisa e desenvolvi o projeto Aluno Monitor. Esse projeto permitiu que um grupo de alunos, selecionados por seu bom comportamento e liderança, tivesse a autonomia para liderar algumas iniciativas, como acolher outros alunos durante o café da manhã, organizar filas no almoço e outras funções, com a supervisão da equipe de coordenação. Além da criação, também sou o autor da minuta do projeto. O mesmo foi expandido para outras escolas do Estado, quando houve o retorno das atividades presenciais, quando as unidades manifestaram a necessidade de alunos que auxiliassem os demais a seguir as regras de distanciamento social. Em 2018, além da Coordenação de Linguagens, também assumi a recém-criada Coordenação de Projetos. Essa decisão foi tomada devido ao sucesso da escola na execução de projetos PCE desde 2015. Naquele ano, chegamos a executar 19 projetos, o que promoveu um impacto social e econômico relevante em nossa comunidade, especialmente para os nossos alunos bolsistas. Durante o meu período como coordenador, não apenas implementamos os PCEs, mas também 42 projetos outros internos em várias categorias, incluindo esportes, arte, ciência e aprofundamento em diversas disciplinas. Todos os projetos foram executados no mesmo dia, chamado de "Tarde de Projetos", que inicialmente acontecia duas vezes por semana e depois passou a ser realizado uma vez por semana, às terças-feiras. Em julho de daquele ano, tivemos a oportunidade de receber mais um projeto em parceria com outras instituições, o Ufam Maker 4.0, idealizado por professores do Departamento de Física e do I Comp da Ufam, juntamente com a Fapeam. O projeto visava a criação de laboratórios makers, capacitação dos professores e a promoção da cultura maker. Como coordenador, participei da formação na Ufam e da implementação do projeto e seus resultados. Através dos produtos criados no espaço maker, nossos alunos tiveram a oportunidade de participar de diversas feiras, mostras e semanas de tecnologia em várias instituições, como a Feira de Informática do Ifamzl, na qual uma de nossas alunas demonstrou seu protótipo de irrigador automático. Em 2019, implantamos o projeto Salas Ambiente, inspirado em outras experiências externas. Neste projeto, os alunos se movimentam entre as salas de aula, enquanto o professor é responsável pela manutenção da sala em que leciona. Essa iniciativa possibilita que o professor organize melhor seus materiais, como livros, caixas de som, data-show e notebook, além de economizar tempo, já que não precisa se deslocar entre as salas. Além disso, o projeto garante a segurança dos equipamentos utilizados pelo professor. Fui eu quem desenvolveu o projeto, que foi protocolado na Seduc. Devido à fama que nosso espaço maker adquiriu e à exposição midiática de nossos alunos, fomos convidados para sediar um projeto do Instituto Ideias de Futuro, patrocinado pelo Google Brasil, denominado Startup In School. O objetivo era ensinar a criação de aplicativos e a implementação de modelos de negócios para 60 adolescentes do Ensino Médio. Essa competição nacional contou com a participação de mais 10 escolas distribuídas em quatro regiões do país. Em nossa escola, foram desenvolvidos seis programas com seus respectivos modelos de negócio. Um desses grupos se destacou e foi selecionado para participar da fase nacional, que ocorreu na sede da Google em São Paulo, em setembro. Como coordenador e articulador do projeto, viajei com a equipe de alunos, o que foi uma experiência transformadora para todos. No final do ano, recebemos uma nova indicação para um projeto em parceria com a Google Brasil, o Mind The Gap. O objetivo era selecionar quatro alunas de diferentes etnias e também LGBTQIA+ que tivessem interesse nas áreas de engenharia e tecnologia para participar de uma formação de três dias no escritório da Google em Belo Horizonte. Nesta ocasião, a escola foi convidada a enviar quatro alunas do 2º ano que preenchessem essas características. Como responsável pela seleção das alunas, conversei com os pais e responsáveis para autorizar a viagem delas. Participamos de três edições do projeto, sendo que a última foi realizada de forma online em 2022 e as alunas ganharam um tablet cada uma. Em outubro de 2019, participamos do projeto Maratona Unicef Samsung, inscrevendo dois grupos de estudantes. A competição tinha como objetivo a construção de aplicativos educacionais que trabalhassem conteúdos de dois componentes curriculares e o cumprimento de pelo menos três Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para a Agenda 2030 de combate às mudanças climáticas. Nessa ocasião, fui o professor orientador de uma das equipes e contamos com a parceria da Universidade Federal do Amazonas, que disponibilizou o espaço de pesquisa e a participação de três alunos dos cursos de TI como desenvolvedores. Levamos duas equipes para a final da competição nacional e fomos selecionados para demonstrar nossos aplicativos criados na sede da Samsung em São Paulo. Um dos aplicativos chamava-se OcaViva, que unia conhecimentos de Biologia e Sociologia para pensar o corpo humano como uma cidade e suas instituições. O outro aplicativo, Quântico, visava o ensino de Física por meio da Língua Portuguesa, usando poemas. Infelizmente, em razão da deflagração da Pandemia de Covid-19, não pudemos viajar com nossas equipes para apresentar os aplicativos na sede da Samsung. No entanto, fizemos demonstrações on-line para os representantes da Samsung, do Sebrae e da Unicef em março de 2020. Os aplicativos permanecem disponíveis nas lojas digitais para aparelhos com tecnologia Android. Durante o período pandêmico de 2020, enquanto utilizávamos as plataformas digitais para ministrar aulas, executei meu terceiro projeto PCE/Fapeam intitulado "SP Social: Incentivo de Ações de Empreendedorismo Social na Escola em Meio à Pandemia Causada pelo Novo Coronavírus". O objetivo deste foi medir o impacto de outros projetos de empreendedorismo realizados no modelo híbrido ou online, que instrumentalizaram nossos alunos a ajudar suas famílias no controle financeiro e a levantar estratégias para enfrentar aquele momento economicamente comprometedor. Como tínhamos muitos alunos cujos pais eram vendedores autônomos e agricultores, cuja única fonte de renda foi comprometida durante a pandemia, eles passaram a depender de auxílios governamentais. Em 2021, elaborei o projeto PCE/Fapem intitulado "Conscientizar a Comunidade para Construir o Futuro: Identificação dos motivos para a baixa motivação de estudantes do Ensino Médio de uma escola pública na Zona Leste de Manaus". A escolha desse tema ocorreu devido à observação da falta de motivação dos alunos durante o retorno ao sistema híbrido de ensino após o período pandêmico. Percebemos que muitos estudantes estavam apáticos e desmotivados para os estudos em comparação com anos anteriores. Decidi investigar as causas dessa situação juntamente com meus bolsistas, pois essa questão nos chamou a atenção. Em 2022, com a implementação da reforma no Ensino Médio, surgiu uma disciplina que me interessava em ministrar: Projeto de Vida. Ao estudar sobre o assunto, lembrei dos meus primeiros anos como professor de Língua Portuguesa, quando costumava questionar meus alunos sobre onde eles estariam daqui a 10 anos e qual profissão exerceriam. Essa simples atividade os levava a refletir não só sobre o futuro, mas também sobre as ações presentes que poderiam contribuir para alcançar seus objetivos. Dessa forma, a disciplina de Projeto de Vida me pareceu uma oportunidade valiosa para ajudar os alunos a refletir sobre seus objetivos pessoais e profissionais, identificar seus talentos e habilidades e traçar um plano de ação para alcançá-los. Acredito que essa reflexão pode ser útil não apenas para o futuro, mas também para o presente, incentivando os alunos a adotar comportamentos e hábitos que os ajudem a alcançar seus objetivos. Desde 2021, eu estava me preparando para o Exame Nacional de Acesso ao ProfEPT e, nesse processo, as leituras e possibilidades de aprendizado sobre Educação Humana Integral me animaram muito. Comecei a enxergar sentido em tudo aquilo e a retornar aos meus primeiros passos na profissão e na vida. Ao oferecer ajuda aos meus alunos, percebi que se tivesse recebido essa mesma ajuda no passado, talvez não teria me sentido tão deslocado por tanto tempo. Acredito que teria persistido mais nas lutas e alcançado ainda mais. De qualquer forma, os caminhos difíceis que percorri me conduziram até aqui. Com o início de 2023, retorno com mais um projeto que havia criado anteriormente: O Clube do Silêncio. Até hoje, essa é a minha experiência mais satisfatória no campo educacional. O projeto consiste na formação de um grupo de apoio, cujo objetivo é ouvir os alunos, suas demandas, problemas e dificuldades. O Clube do Silêncio acontece todas as sextasfeiras durante o horário de almoço. Muitos dos nossos jovens simplesmente desejam ter alguém que os escute. Nesses tempos em que a depressão, terapia, psiquiatras, meditação e oração são muito comuns, posso dizer que tornei-me um bom ouvinte. Como professor, gosto muito de falar, mas também adoro ouvir. Ouvir ajuda-me a compreender, e compreender é saber, é conhecer, é crescer. Em 2021, decidi que era hora de investir em minha formação acadêmica e profissional e, por isso, comecei a me preparar para o Exame Nacional de Acesso ao Mestrado ProfEPT. Eu estava animado com as leituras e as possibilidades de aprendizado que a trajetória do mestrado poderia oferecer. E, finalmente, chegou o momento tão esperado do exame. Fiz a prova e passei, o que foi uma grande conquista para mim. A partir desse momento, eu estava prestes a ingressar em um novo capítulo em minha carreira. Na sequência, tive a oportunidade de conhecer novos colegas e uma equipe de professores incrível que me acolheu e me guiou durante o mestrado. Em um dos primeiros desafios do curso, recebi a tarefa de escrever um Memorial e indicar uma das linhas de pesquisa para a qual gostaria de ser direcionado. Foi uma escolha difícil, mas pensei que deveria ser coerente com a minha história como professor, pesquisador e idealista de projetos. Ainda que a linha de Organização e Memória de Espaços Pedagógicos na EPT fosse bastante interessante para mim, decidi que me encaixaria melhor na linha de Práticas Educativas em Educação Profissional e no Macroprojeto 1. Essa linha de pesquisa se dedica a "propostas metodológicas e recursos didáticos em espaços formais e não formais de ensino em EPT", algo que me parece bastante alinhado com minha experiência e aspirações profissionais. Ao ingressar nessa linha de pesquisa, acredito que terei a oportunidade de aprimorar minhas habilidades e conhecimentos em relação às melhores práticas educacionais na área de educação profissional, tanto em espaços formais quanto informais de ensino. Espero poder contribuir com minha experiência e bagagem acadêmica para o desenvolvimento de metodologias e recursos didáticos inovadores, que possam beneficiar não apenas meus alunos, mas também a sociedade em geral

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