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domingo, 18 de julho de 2021

 *1915   † 2013

Sentou-s na sala da vizinha, andava com dificuldade. Olhou, abriu um sorriso e disse:  “- Posso dizer uma coisa querida? Já vivi demais, estou cansada, queria que Papai do Céu me levasse logo...”

Aos 98, Dona Maria do Carmo, minha segunda avó materna, faleceu deixando uma obra fabulosa atrás de si: Amou, amou de verdade ! Não tinha muitos interesses pessoais, seu interesse era ver seus filhos, netos, sobrinhos e agregados, felizes. Minha avó abrigou quem não tinha casa, crio os filhos dos outros, alimentou quem tinha fome, servia a todos com respeito e carinho.

E até no auge da nossa adolescência, quando achávamos que sabíamos de tudo, aguentou nossas crises, suportou nossa raiva infantil. Se dilatou mais ainda, orava por nós. Nos aconselhava com a sabedoria de quem conhecia as dores e o caminho da vida.

Ela se foi. E nos deixou com saudade. Mas me lembro da Paz, que brilhava nos seus olhos..

A benção, minha avó titia.

terça-feira, 29 de junho de 2021

 Antes da batida


Eu considerava todos os seres humanos bons

Achava que um ato de bondade curava

Achava que gentileza atrai gentileza


Antes da batida

Eu era uma só


Criança inocente num mundo de monstros autoritários

Cada um gritando mais forte pra ser ouvido

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Cura

Hoje olhei pra ela, e me pareceu extremamente familiar,

Como se tivéssemos convivido por toda a vida...

É como se tivéssemos passado a infância juntos

É como se ela tivesse estado lá,

nos momentos de dor, que não foram poucos.

De tristeza e solidão.

Como se ela tivesse segurado a minha mão

E tivesse me dito palavras de carinho -

“vai passar” - em meio ao turbilhão.

Como se ela tivesse sido minha amiga

antes mesmo de nos conhecermos.

 

Então pisquei, esfreguei os olhos

E ela ainda estava lá,

minha amiga,

amada,

parceria constante,

que cura o passado,

pelo presente.


(Erison S. Lima)


 

sábado, 20 de março de 2021

Palavra em Política: o dizer em um Parlamentar


 

Palavra em Política: o dizer em um Parlamentar

Por Thobyas Torres e Evanilson Andrade

 

O que caracteriza um Governo, seja ele municipal, estadual ou federal, é seu exercício prático em relação as Instituições Públicas. Estes exercícios definem seus métodos, seus procedimentos e princípios. O Governo não é uma entidade autônoma, simploriamente livre para praticar suas ações. Ao contrário, necessita definir uma racionalização responsável por especificar seus atos, a partir de variáveis existentes na população que governa. Ou seja: o Governo não é uma substância etérea distanciada da matéria a qual participa e a qual se viu tornar possível. O Governo, ainda que esteja longe de sua vontade soberana, dirige as atividades ou, pelos menos, regula e orienta, ações da população. E, para fecharmos este pobre conceito de governo, o governo necessita de seus sujeitos políticos profissionais, eleitos legalmente, para que seu exercício possa se fazer realidade.

Deste modo Governo algum, mesmo os autoritários e ditatoriais, não partem de sua própria existência, mas da dinâmica histórica da sociedade. Isto é importante para que cada sujeito político profissional, ocupando cargo público em um dos poderes concedidos pela Constituição, possa compreender que sua condição de homem público é a condição máxima e de excelência de fazer o bom uso da Palavra para o bem comum.

Pois bem: "As manifestações do parlamentar Daniel Silveira, por meio das redes sociais, revelam-se gravíssimas, pois, não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura (…) o autor das condutas é reiterante na prática criminosa, pois está sendo investigado em inquérito policial nesta corte, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), por ter se associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito".

O que citamos acima, de acordo com reportagens em jornais de circulação nacional online, é parte do mandado de prisão em flagrante de oito páginas, sem direito à fiança, expedido na noite de terça-feira (16/2) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), apoiador ferrenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e uma das principais vozes de sua "base ideológica" na Câmara dos Deputados.

O que o parlamentar em questão praticou não precisamos dizer ou esclarecer,  bem como não precisamos dizer que suas justificações para seu ato, pautado na Imunidade Parlamentar, apenas depreciam a Democracia Moderna e a prática de todos aqueles que rezam pela excelência da prática parlamentar em uma Democracia.

Deste modo, decidimos fazer uma reflexão sobre o ocorrido.

 

O ser humano é realmente um ser possuidor de linguagem. Sua história nos comunica todo um desenvolvimento físico, fisiológico e cognitivo da sua capacidade, inegável, de fazer uso da Palavra. Neste caminho histórico-linguístico, o ser humano desenvolveu diversos meios de falas, línguas, organizou gramáticas e estruturou modos de linguagens com diversos objetivos, todos responsáveis por fazer da palavra a relação de reciprocidade entre coisas e dizeres, para a compreensão de acontecimentos espirituais, religiosos, jurídicos, sociais, econômicos, afetivos e políticos, entre outros.

O homem fala. Quem poderia negar tal afirmação? Contudo, a fala humana, para ser genuinamente uma comunicação, deve se ancorar na Palavra. Esta é uma invenção humana. O ser humano inventou a palavra a partir de suas condições biológicas, mas também sociais e políticas. afirmamos isto, pois dizer palavra não significa, necessariamente, dizer comunicação. A comunicação é mais vasta. Sem dúvida, a comunicação não está reduzida aos recursos dos símbolos, dos caracteres, dos signos linguísticos formais humanos.

Para um médico, uma febre comunica uma infecção no corpo de um possível doente. Para um pedreiro um prumo bem ajustado e manuseado comunica um estado de equilíbrio e adequação propício para a construção de algo. Para um pintor impressionista, a luz e suas modificações durante o passar das horas, comunica as transformações que as cores vão tomando na tela. Para uma cozinheira, os vapores, os cheiros e gostos a se fazerem, comunicam o momento exato de se apagar o fogo ou de parar uma dada quantidade de elementos para se determinar uma precisa mistura.

A comunicação vai além da Palavra. Percebe-se logo isto, quando o biólogo Jakob von Uexküll, afirma com alegria que o animal carrapato é um interprete do meio ambiente em relação ao seu próprio organismo, pois pratica a comunicação com seu mundo próprio, uma vez que realiza trocas com seu entorno, para daí operar a funções de seu próprio organismo:

“Os carrapatos (Ixodinae), pequenos insetos [sic]5 relativos aos acarinos, se fixam em organismos de sangue quente para se alimentar. São capazes de viver sem alimento por muitos meses, mas necessitam de sangue para gerar ovos fecundados. Possuem apenas três receptores (“órgãos perceptivos”), que podem captar três diferentes “signos perceptivos" (perceptual signs [Merkzeichen]): (1) signos olfativos causados pelo ácido beta-oxibutírico6, que pode ser encontrado no suor de todos os organismos de sangue quente; (2) signos táteis como o induzido pelo couro peludo dos mamíferos e (3) signos temperaturas produzidos pelo calor das áreas dérmicas lisas. Cada signo se refere a uma resposta específica iniciada pelo signo”. (THURE VON UEXKÜLL)

Os animais possuem uma complexa forma de comunicação de acordo com suas relações recíprocas com os signos receptivos que possui, portanto, de acordo com o modo que cada um animal se relaciona com seu meio e realiza trocas diversas.

Mas o animal não possui Palavra. Sua comunicação vem de sua animalidade vital. Ao contrário, o ser humano, pelo uso da palavra, deve, para se fazer humano e diferente dos animais, ou seja, demonstrando ser capaz de virtude e não apenas de Instinto, usar a palavra com o máximo de excelência. Isto significa que pela Palavra o argumento, a persuasão, a retórica sincera e o discurso procurador (em seu termo jurídico também) devem surgir com o objetivo cidadão de realizar o bem comum na cidade.

A Palavra em todos os seus sentidos, é a mãe da política. Não porque pela palavra se pode gerar a discussão, a polêmica ou afirmações seguras de diferentes opiniões, mas pela ocorrência dela ter o poder de tornar tudo, e a todos, uma coisa pública (república). A palavra existe na livre liberdade de expressão.

Contudo, assim como a Democracia Moderna não pode ser reduzida a noção de liberdade vulgar concernente ao tudo se poder fazer e dizer, a liberdade de expressão nas Democracia históricas sempre respeitou preceitos e princípios geradores de critérios não apenas legais, mas também éticos-morais.

 A Constituição Federal de 1988 catalogou a liberdade de expressão como direito fundamental e impôs ao Estado e aos particulares a obrigação de protegê-la e promovê-la em favor da democracia e do progresso social.

No caso do Brasil, a liberdade de expressão está positivada na Carta Magna no artigo 5º, incisos IV (liberdade de pensamento), IX (liberdade de expressão propriamente dita) e XIV (acesso à informação), e no artigo 220 e seu parágrafo 1º (liberdade de informação).

A ordem constitucional brasileira, nesse aspecto, seguiu os parâmetros jurídicos traçados pela comunidade internacional. Importantes cartas de direitos protegem expressamente o direito à liberdade de expressão, como pode ser visto no Artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948,1 no artigo 19 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e no Artigo 13.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica.

Mais do que um direito, a liberdade de expressão pode ser entendida como um conjunto de direitos relacionados às liberdades de comunicação. Sendo diversas as formas de expressão humana, o direito de expressar-se livremente reúne diferentes liberdades fundamentais que devem ser asseguradas conjuntamente para se garantir a liberdade de expressão no seu sentido total. Tal conjunto de direitos visa à proteção daqueles que emitem e recebem informações, críticas e opiniões. Assim, na ordem jurídica contemporânea, a liberdade de expressão consiste, em sentido amplo, num conjunto de direitos relacionados às liberdades de comunicação, que compreende: a liberdade de expressão em sentido estrito (ou seja, de manifestação do pensamento ou de opinião), a liberdade de criação e de imprensa, bem como o direito de informação.

Dessa maneira, é correto dizer que, conexos e intrínsecos à liberdade de expressão, encontram-se também outros direitos, como o direito de informar e de ser informado, o direito de resposta, o direito de réplica política, a liberdade de reunião, a liberdade religiosa etc. Por conseguinte, a concepção de liberdade de expressão deve ser a mais ampla possível, desde que resguardada a operacionalidade do direito

Por conseguinte,  a proteção às liberdades comunicativas se justifica pelos valores que promove e, a longo prazo, a própria sociedade se beneficia quando essa promoção se dá com bastante intensidade.

Assim, o respeito efetivo à liberdade de expressão funciona como um parâmetro averiguador do grau de consolidação da democracia e do respeito aos direitos humanos de um país.

Nesse sentido, contribuindo para o debate acerca da exata configuração da liberdade de expressão, professamos o entendimento de que esta deve ser protegida quando presente um dos elementos das justificativas instrumental e constitutiva, servindo esses elementos como verdadeiros motes para sua inclusão no rol dos direitos e garantais fundamentais.

Assim sendo, um animal pode defecar em público, urinar, expor seu corpo, fazer suas glândulas agirem; o animal jamais será estúpido a fazer estas coisas, pois ele está se comunicando.

Já para um ser humano, fazer uso da palavra para expor sua redução cognitiva e incapacidade de argumentação, persuasão e retórica sincera, é demonstrar o quanto ele não pode ser comparado a um animal, uma vez que saiu de sua condição de animal-humano e passa a conservar sua redução cognitiva se tornando não sabemos bem o quê.

 

  

Quero voltar a escrever

 


Quero voltar a escrever

Mas, letras que fazem sentido dentro de mim

Quero voltar a escrever

Mas com a calma e a ilusão de alguém que escreve apenas para si e sobre si

Quero voltar a escrever com os sonhos que tenho dentro de mim

Quero voltar a escrever,

mas também carregado de todos os pesadelos que me assombram.

E o principal deles é de um monstro feito à minha imagem.

Meu inimigo público número um.

Alguns o conhecem,

já o viram andar na rua.

Um mostro que devora, principalmente aquele que o tenta controlar...

 

Quero voltar a escrever,

dedilhando o teclado,

procurando as linhas e as letras que possam definir,

quem realmente sou.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Obrigado, Tia Evani



 Era uma manhã chuovosa quando entrei na igreja da qual gaurdo tantas memórias infantis. Cultos, corais, dormir no colo do meu pai, enquanto ouvia a voz do pastor Israel numa pregação initendível pra uma criança... O forro do teto, antes de madeira, já não é o mesmo, a decoração mudara com o tempo, modernizou-se, como todas as coisas.

Seu corpo estava lá, retido numa urna, lacrado como exigem os protocolos. Mas sua vida foi muito além.

Por todos os lados ela estava, em cada canto, no olhar de cada pessoa, na percepção dos gestos, nos sorrisos, no choro, nos canticos, nas lembrnças que agora se transformam em testamento marcado em cada coração.

Se tenho algo a dzer sobre minha tia Evani é que ela se tornou pra mim Testamento, Carta Viva, de Amor Incondicional, doação e cuidado. E foram tantas e tantas vezes que este cuidado se manifestou em meu (nosso) favor que não posso contar. Uma vida dedicada a ser mais Cristo e menos ela mesma. 

Exemplo é pouco, ela foi uma das pessoas dasquais o mundo não era digno. Calma, paciente, parecia que seu olhar estava num horizonte de fé, alcançado apenas por poucos. Aqueles que desenvolveram o Dom Supremo. 

Uns procuram linguas estranhas, outros procuram profetizar, alguns querem tornar-se exímios pregadores, sábios, grandes escritores, para serem aplaudidos pelos homens. Ela, na sua simplicidade, sabia que o que mais valia era Amar. 

E ela soube usar seu Dom, com filhos, sobrinhos, netos e tantos quantos...

Hoje, olho pra minha sala contendo retratos da minha família, minhas filhas e me pergunto, como se perguntasse a ela, será que sou capaz e honrá-la?

Pois, muito do que faço tem um pouco dela. Muitas vezes, em sala de aula já me vi como missionário. Já errei, acertei, corrigi minha estrada e voltei à Jornada.

Estas letras escrevo batizadas de muita Saudade, mas preenchias com cada gota de amor recebido desde sempre.

Obrigado Tia Evani.

Ps: Obrigado, Lia por honrar o exmplo da sua mãe, sendo a continuidae do trabalho dela.



Vocação e Valor: A Realidade dos Professores

Segundo uma postagem no Instagram do Jornal O Globo, publicado hoje,  oito em cada dez professores  já consideraram a possibilidade de mudar...