Essa é uma pergunta que todos nós deveríamos nos fazer, não apenas quando estamos perto do fim, mas em qualquer momento de nossa existência. Afinal, a vida é um presente precioso e efêmero, que pode se esvair a qualquer instante. Por isso, é importante vivermos com consciência, propósito e gratidão, buscando sempre o bem-estar e a felicidade de nós mesmos e dos outros.
O mestre budista Thich Nhat Hanh nos brinda com uma breve história em seu livro “Silêncio: O poder da quietude num mundo barulhento”: “Eu tenho um amigo músico que emigrou à Califórnia ainda jovem e, depois, ao envelhecer, voltou ao Vietnã. Muita gente lhe perguntava pelo motivo do seu retorno. “Na Califórnia você pode comer o que quiser, fazer o que quiser, e os hospitais são excelentes”, diziam todos. “Lá, você pode comprar o instrumento que quiser, ter de tudo. Por que você voltou ao Vietnã?” E ele dizia que, na Califórnia, estava rodeado de expatriados repletos de raiva e ódio, e, sempre que visitava essas pessoas, terminava envenenado por seus ressentimentos. Ele não queria absorver tanta raiva e amargor nos preciosos anos que lhe restavam de vida. Portanto, buscou um lugar onde poderia viver cercado de uma comunidade mais feliz e afetuosa.”
Essa história nos mostra que a qualidade de vida não depende apenas de fatores materiais ou externos, mas também de fatores emocionais e relacionais. O ambiente em que vivemos, as pessoas com quem convivemos, os sentimentos que nutrimos, tudo isso influencia o nosso estado de espírito e a nossa saúde. Por isso, é fundamental escolhermos bem o que queremos para nós, o que nos faz bem, o que nos traz paz e alegria.
Nem sempre as pessoas tem autonomia pra decidir com quem querem passar os últimos dias. Muita gente enfrenta graves problemas familiares e não tem a independência necessária pra decidir por si. Mas, enquanto houver vida ainda podemos decidir o que faremos de nós mesmos, que tipo de pessoas seremos. E ninguém precisa esperar a derradeira jornada para promover as mudanças de que precisa.
Podemos começar hoje mesmo a cultivar hábitos saudáveis, a praticar a bondade, a perdoar as ofensas, a expressar o nosso amor, a valorizar as pequenas coisas, a apreciar a beleza da natureza, a aprender algo novo, a realizar um sonho antigo, a contribuir para um mundo melhor. Podemos fazer tudo isso sem nos preocuparmos com o tempo que nos resta, mas com o tempo que nos é dado.
E você? Como você quer viver os últimos anos de sua vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário