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sábado, 27 de janeiro de 2018

Aprendi com Randy Pausch

Terminei hoje a leitura do best seller "A Última Lição", de Randy Pausch.
Randy foi um professor de ciência da computação na Carnegie Mellon, que diante de um diagnóstico de câncer terminal no pâncreas, resolve subir ao palco do auditório da universidade onde dava aulas para proferir sua última aula, uma palestra de despedida, na presença de alunos, ex-alunos, colegas de trabalho, amigos e familiares. É um livro inspirador, não é a toa seu número de vendas ao redor do mundo e o sucesso de sua palestra em vídeo, disponível até hoje na internet. 
Randy faleceu em 25 de julho de 2008, mas deixou essa obra, segundo ele mesmo, para seus filhos. Mas nós, leitores, aproveitamos para aprender com seu exemplo, e por ele ter sido um professor, isso chama ainda mais a minha atenção. 
O livro é tão simples quanto tocante e cheio de frases inspiradas, mas um momento que me marcou profundamente é quando ele fala sobre seus pais:    
"Meus pais sabiam o significado real de ajudar as pessoas. Estavam sempre em busca de grandes projetos fora do comum e se dedicavam a eles de corpo e alma. Mantinham um alojamento para cinquenta meninas no interior da Tailândia, destinado a mantê-las na escola e longe da prostituição.
Minha mãe sempre foi extremamente caridosa. E meu pai se contentava em dar tudo o que tinha e andar mal vestido, em vez de morar em um bairro melhor (...). Nesse sentido, considero-o o homem mais "cristão" que conheci. Também foi um grande batalhador em prol da igualdade social. Diferentemente da minha mãe, ele não simpatizava muito com religiões organizadas. Preferia se dedicar a ideais mais nobres e dizia que a igualdade era o maior de todos os objetivos. Tinha grande esperança na sociedade e, embora muitas vezes a realidade o contrariasse, sempre foi um otimista ferrenho.
Aos 83 anos meu pai foi diagnosticado com leucemia. Ao saber que lhe restava pouco tempo de vida, tratou de doar seu corpo para a medicina e fez uma doação para que seu programa na Tailândia durasse pelo menos mais seis anos". (p.36 e 37)
Este trecho em especial me tocou não somente porque através dele conhecemos a grandiosa generosidade do pai de Randy, mas por sua disposição (e este é o exemplo que tiro para mim) de não ficarmos apenas nas palavras, num cristianismo de púlpito, de fins de semana, de retiros e pregações uns para os outros. Mas, de sermos gente que age na direção do que acredita, ninguém precisa virar missionário, deixar o emprego ou mudar-se de país para isso, basta começar a fazer o que pode, segundo os seus recursos e energia para a construção de um futuro melhor para todos.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Quantos pedaços ainda me faltam?

"Eu nunca conheci alguém assim, não um adulto. A maior parte do tempo ele era adulto, mas faltavam uns pedaços nele..." Pensava o jovem James à respeito do homem acabara de conhecer e que o abraçava fraternalmente, visivelmente emocionado por saber que, mesmo tendo errado tanto na vida, sua filha, a namorada do jovem, ainda o amava, talvez amasse muito mais a imagem de pai construída durante os anos de ausência, mas isso não importava pra ele naquele exato momento.
Podemos imaginar, que segundo o adolescente, Leslie é um adulto que não se percebe, e vemos isso ao longo dos dois últimos episódios de The End Of de F***ing World, disponível na Netflix. Esse mundo, descrito pelos olhos dos jovens Alysse e James, cumpre sua função de "ferrar" a vida de todos (como diria Kurt Cobain "ninguém morre virgem..."). A dupla de diretores Jonathan Entwistle e Lucy Tcherniak acompanhada do roteirista Charlie Covell nos conduz sob a perspectiva recorrente em séries inglesas de teor niilista, iconoclasta, em que ninguém é perfeito, não existem heróis. Alyssa busca o encaixe, quer descobrir qual é o seu lugar, mas antes de tudo, suprir uma falta de não se sabe o quê. James a acompanha nessa jornada na primeira metade da trama com um objetivo que ele pensa ser claro, mas que vai se revelando ser outro ao longo dos curtos oito episódios. 
A série bem que poderia ter mais, o final deixa definições em aberto. Porque o que importa de fato não é sabermos o fim, mas o processo de como essa trama se desenrola, e quem são essas pessoas.
Leslie o pai "perdido" de Alyssa é descrito na cena destacada como alguém cujos pedaços lhe faltam. Ao longo da nossa existência conhecemos muitas pessoas assim. Gente que parece não ter crescido mas por um motivo bem perceptível, não sabe onde precisa crescer. Se um dos aspectos da vida adulta está em assumir responsabilidades, sejam conjugais e ou com a criação de filhos, o homem retratado ali foge. E continua a fugir até agora, quando a vida parece começar a cobrar-lhe as contas de suas irresponsabilidades. 
Ao ver esta cena, a pergunta que ressoa e que pode ser respondida, discutida, mas não rejeitada por nós, que somos todos filhos de alguém, mas princialmente pelos que hoje são pais é: quantos pedaços ainda me faltam?

Vocação e Valor: A Realidade dos Professores

Segundo uma postagem no Instagram do Jornal O Globo, publicado hoje,  oito em cada dez professores  já consideraram a possibilidade de mudar...