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sábado, 21 de novembro de 2020

a cidade chora



Hoje chove em Manaus eu ouço indie.

Seria uma manhã como as outras, um sábado. A menos pelo fato de que há dois dias mais uma pessoa negra morreu espancada, um homem de 40 anos.

Chove, a cidade chora, uma família está em luto.

No mundo à fora, em outras cidades, vidraças quebradas. Ação e reação. Ninguém aguenta mais.

E uma frase, inscrita numa faixa ontem me chamou atenção:

"Parem de nos matar".

A cidade chora.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

ÁTOMO


Deus habita tanto no átomo
quanto no Universo
Nas trevas, quanto na luz
No sopro, quanto no vento
Na gota, quanto na chuva
Na angústia, quanto na paz
No mar, quanto na terra
Na calma, quanto na tormenta
Porque não habitaria em mim, que sou feito de tudo isso?

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Te amo papai!

As três palavras mais bonitas de se ouvir em qualquer espaço e tempo me foram ditas mais uma vez, assim, do nada, agora a pouco, durante uma brincadeira, de forma muito natural e corriqueira, mas, que não me deixa esquecer o que é mais importante na vida.

Imediato,

Imediato, tudo deve ser: prazer; a comida; a roupa; o dinheiro; a postagem; a viagem... Devem ocorrer agora. E o Mundo que nos obedeça. Afinal, ele é "nosso".
Não esperamos a flor desabrochar, clicamos para o vídeo em "avançar". Não lemos o livro até o fim, a resenha já basta. Não deixamos as crianças aprenderem brincando, enchemo-las de atividades, tentando acelerar o processo, para que sejam adultos "bem-sucedidos".
Sabemos que a vida nos cobra, que a realidade nos obriga. Mas, também erramos por não sabermos esperar. Refletir, relaxar e aproveitar.
Que sejamos salvos da ditadura do relógio, e de tudo aquilo se fez imediato contra nossa alegria.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

(In)verso


E quantos versos calados, 
deixamos?

Quantas noites mal dormidas?
E vidas mal vividas?

Quantas memórias?
Dúvidas, divididas.

Estamos mudos
Mas não por falta do que falar

E quantos versos inauditos?
Mal ditos
Reescritos...!
Pensados e passados
Sob este mesmo astro
Sob este luar
Essas noites de calor e frio na alma...

Estamos mudos
Mas não por falta do que falar

A tristeza agoniando a alma
E nem remédio consegue amenizar

Estamos mudos
Mas não por falta do que falar

Erison S. Lima
Manaus, 02/02/2019
00:38
Ao som de The Paper Kites - "On The Train Ride Home".

Voz de Saudade


sexta-feira, 12 de junho de 2020

imperfeitos




Cruzes nos separam,
mas também nos unem.

Se representam uma realidade
da qual se foge,
também avisam,
apontam o Caminho.

Faróis da Eternidade.

Erigidas sob Altares da Saudade,
figuram imponentes.
inigualáveis.

Avisando a todos
que o Inexplicável nos atingiu.

E nos achou despreparados,
em meio ao caos. Imperfeitos.

Carregadores da nossa debilidade,
produtores da nossa tragédia,
semeadores do nosso ódio
promotores da nossa injustiça,
adversários da nossa própria
paz.

Imperfeitos

(Erison S. Lima)

DEUS, acima de tudo!







Acima da pressa
Da soberba da vida
Da zanga e do ódio
Deus acima dos preconceitos

Acima da apatia,
da antipatia
Deus acima da covardia

Acima do medo
que me faz tremer de frio

Acima da solidão
Da falta de perdão

Da falta de Pão,
Da falta de chão

Deus é o chão, 
o pão, 
o rio, 
o calor,
o frio, 
a montanha e o peregrino.

Deus que sobe a montanha comigo

Deus. 
Mas, 
acima de tudo,
meu amigo.

(Erison S. Lima)

quarta-feira, 10 de junho de 2020

A SÉTIMA DIMENSÃO




Pulei,
dancei,
cantei,
na beirada do abismo,
me perdi de mim.
cravei as garras no sonho
de ser mais do que poderia
mais do que deveria
entrei na sétima dimensão
mas incompleto ainda,
não percebi,
que tudo que buscava
já estava aqui
despertei,
voltei,
me desculpei,
desfiz os vôos egoístas
e viagens astrais
pra aqui na terra mesmo,
dar conta de tudo o que é meu,
completar o ciclo
e pagar meu cartão
saldar meus os boletos,
escrever minhas provas,
acompanhar minhas turmas
e entregar os meus planejamentos.


domingo, 7 de junho de 2020

PÃO FEITO EM CASA

E é nas últimas horas da manhã
que nos abraçamos
Enquanto as crianças já brincam no quarto ao lado,
enquanto o Domingo estende sua luz sobre nós,
descanso soberano.
Enquanto o silêncio é a declaração perfeita
de um amor tranquilo e calmo,
com cheiro de edredom novinho,
com o calor do abraço macio.
Amor fruto do dia a dia,
como um pão feito em casa,
sem os solavancos e sem vendavais.
Sem as loucuras das paixões infantis.   
Amor permanente, criado na dor,
na forja dos sofrimentos
e por isso mesmo gigante e acolhedor


sábado, 6 de junho de 2020

Whatsapp

Eu não presto
Posso comprovar
Mana, então, ri do seu comentário e concordei.
Nunca acreditei na humanidade
Essa foi pesada
O Thanos tinha razão
Desta vez não precisarei sair do grupo, serei retirada.
Vou mudar o nome do grupo para manos e manas...
Bom fim de semana à todos


CASA VELHA

Olho fotografias de anteontem
Mas agora me parecem tão antigas
Como se fossem de outra vida.
Como fotos da casa velha
A paixão infantil
O primeiro beijo

Do sentimento envolvido já não se tem lembrança
Ponho os olhos no meu eu de antes e parece outra pessoa
Não me engano, sei quem sou

Aquele eu dali ainda permanece aqui
Mas sob novas camadas de mim


quarta-feira, 13 de maio de 2020

Os 12 mil


Manaus 13/05/2020
Já são muitos óbitos. A maior parte das pessoas que conheço pessoalmente já perderam alguém e a tristeza e o vazio são tão grandes que chorar sozinho já não dá.
As lágrimas são compartilhadas.
A cada momento que um conhecido se vai, uma parte da nossa história vai junto, não sabemos para onde. Fica a saudade dos bons momentos e um profundo perdão por alguma falha ou falta, e em muitos casos, gratidão por tudo o que fizeram.
Não estamos sozinhos.
Hoje o país contabiliza mais de 12 mil vidas que se foram e sabe Deus quantas subnotificações.
Mas hoje também pode ser o dia do abraço em quem fica, em quem vai ficar, mesmo que uma parte de si tenha ido embora.
Saudações aos que perderam seus entes queridos, muito obrigado por sua vida, aos que partiram.
Paz à todos.

domingo, 10 de maio de 2020

Minha pequena


Minha pequena, você chegou como um raio de Sol, visto em toda sua força por entre as frestas da janela da minha alma, tão cansada.

E você abriu a janela como abre todas as portas de casa, com todo vigor e toda pressa, até escancarar, empunhando um sorriso brilhante no rosto, só pra mostrar que está aqui, depois corre para onde estava, fugitiva.

Chegou, e era tão frágil, tinha medo de tudo e chorava à cada tentativa de qualquer estranho (muito estranho) pegá-la nos braços.

Hoje, um pouco mais crescida, nos três anos que completa nesta data, vejo sua alegria intensa, energizada até mesmo na hora de dormir, de alguém que cai e sorri dizendo "estou bem!", pondo para suar todos os que tentam te acompanhar, sei o quanto você tem me ensinado.
Enquanto isso meu coração se dilata, se expande, sabendo é você lá dentro, abrindo as portas, quebrando paredes, mudando tudo de lugar, ocupando o espaço que lhe é devido; aprendendo as primeiras palavras e já dando ordens, sem perguntar se pode; gritando, pulando, exercendo a liberdade de ser quem é.
Meu amor por ti só cresce, toma conta tudo e eu já não sei como era meu mundo antes de você.

Maria Isabella.
Obrigado.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Obrigado minha tia.


Forte como a rocha, alegre como só ela sabia ser.
Todas as memórias mais tenras que tenho da minha tia Evanice são de momentos em que, quando a razão faltava, diante de um problema, quando se abatia uma apatia no ar, ela agia.

Foram poucas as vezes que não a vi com um sorriso corajoso, que me inspirava, também a ter coragem.

Lembro de um abraço dado com tanto carinho, aos 10 anos, e do medo que eu sentia, transformado em lágrimas e enquanto meu corpo magro tremia, meus dentes batiam, ela me abraçava com tanta força e me dizia: "vai ficar tudo bem".

Policial respeitada e admirada por seus companheiros, professora dedicada, sua alma era a expressão do melhor dos dois mundos; era firme porém doce, intensa.

Lembro de quando acidentado num hospital, depois de uma cirugia, de madrugada liguei chorando e ela dizendo: "eu sei que dói, mas vai passar".

Lembro de quando meu pai se foi e ela tomou a frente, resolveu quase tudo, e a vi derramar lágrimas somente quando se permitia. Força que vi hoje representada na sua filha Evelise Lima, que nem pude abraçar em razão dos cuidados que devemos ter diante da pandemia que está levando a muitos .

Lembro que meu tio Keko esteve comigo desde os primeiros momentos, como em muitos outros da minha vida, e não me deixou só, favor que nem pude retribuir completamente. Que Deus o console e o guarde em boa saúde.

Lembrei das conversas que tivemos antes do falecimento da sua mãe. Das orações postas, das entregas, dos jenjuns da minha mãe...

Hoje, quando acompanhei a carreata que conduzia seu corpo, vi a comoção dezenas de pessoas, amigos e amigas, companheiros de jornada. Vi e senti o quanto minha tia foi amada. Resultado do plantio de um coração que sempre amou muito, tudo o que fazia.

Ela viveu como alguém que tem o espírito pronto pra se doar, servir e agir, encerrou seus dias dando todos os direcionamtos do que deveria ser feito.

A partida dela sinaliza muito em mim, tanto quanto sua vida. Tento dedicar minha vida a reproduzir bons exemplos. E minha tia é uma das peças principais na moldura do meu coração.

O templo de Deus é o coração humano. Ele preenche todo o espaço de um abraço. Abraço dado num menino que teve medo. Abraço dado em cada um de nós, filhos, sobrinhos, amigos, irmãos, netos e bisneto.

Obrigado minha tia.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Maria passa a frente

Maria passa afrente é uma das mais bonitas músicas que já ouvi ultimamente
Composta por Mateus e Criastiano, nas vozes de Marcelo Rossi e Gusttavo Lima, ela revela a busca do ser humano por proteção, segurança e paz, e isso é algo intrínseco, independe da religião, expresso na busca da segurança de um amor de mãe, identificada no melhor exemplo materno que o ocidente conhece, a mãe de Jesus Cristo.

Lindo!

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Lembranças - 1


Lembro-me com carinho da pequena mureta que separava dois ambientes na minha escola, era um corredor que ligava algumas salas à parte de trás, onde havia mais em salas em forma de U com uma quadra esportiva no meio, provavelmente tinha sido uma residência, que à época foi adaptada para salas de aula do Ensino Fundamental. Ela tinha uma pintada de vermelho sobre ela. Lembro-me especialmente de algumas ocasiões, principalmente quando íamos ser medidos e pesados no início de cada ano para as aulas de educação física, eu parecia sempre estar abaixo do peso ideal. E também, anos depois, em um pequeno cursos de Contabilidade. Era um corredor que ligava algumas salas à parte de trás, onde havia mais em salas em forma de U com uma quadra esportiva no meio.
Não sei porque ao certo esta lembrança esta sempre presente, lembro dela várias vezes, desde aquela época, em que devia ter de 8 a 10 anos.

Vocação e Valor: A Realidade dos Professores

Segundo uma postagem no Instagram do Jornal O Globo, publicado hoje,  oito em cada dez professores  já consideraram a possibilidade de mudar...